ALTERNATIVAS PARA SANEAMENTO COM ECONOMIA DE ÁGUA E MINIMIZAÇÃO DE IMPACTOS – Por Fred e Daniel

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Água, talvez a substância mais importante e vital para a preservação e manutenção do ser humano na Terra. Para tanto, é visto que no decorrer da evolução humana, a preservação de tal recurso natural foi visto como algo secundário, resultando inúmeras agressões à um bem tão relevante.

O uso consciente da mesma, bem como planos para a sua preservação podem fazer parte de projetos arquitetônicos eficazes, que na sua concepção, tragam para a discussão opções que minimizem, tanto o consumo, como também a sua preservação, evitando a sua contaminação e degradação.

Atualmente, os sistemas hidráulicos tradicionais das edificações são pensados de tal maneira que o consumo de água é excessivo, principalmente ao que diz respeito ao esgotamento sanitário, quando, por exemplo, são adotados válvulas de descarga que geram consumo de pelo menos 15 litros de água por acionamento. Então pensemos numa casa com 4 pessoas, onde cada uma dessas vai ao banheiro 05 vezes ao dia, o consumo seria a 180 litros/ dia, fora a água gasta com banho, cozinha, lavagem de roupas, etc. Por ano, seriam pelo menos 65.700 litros de água tratada gastos apenas com esgotamento sanitário, que ainda pode ter uma destinação inadequada e contaminar as nossas fontes de água limpa.

No entanto, junto com as necessidades do ser humano, e a projeção mundial de escassez do recurso natural em questão, começam a aparecer opções que tornam o consumo mais condizente com o planeta. Hoje já é possível encontrar no mercado bacias sanitárias com caixas acopladas que reduzem o consumo por acionamento para 6 litros, e ainda mais, encontram-se também caixas acopladas com câmaras separadas (3 e 6 litros), onde o usuário escolhe qual tipo de dejeto (líquido ou solido) o mesmo quer dar fim. Isso seria uma das alternativas mais simples possíveis. O consumo de água pode também ser reduzido utilizando sistemas de sucção á vácuo, tal como a recém construída Cidade Administrativa do Estado de Minas Gerais, onde o consumo de água torna-se mínimo (1,2 litros por acionamento), mas com custo de instalação alto, sendo ainda inviável a edificações de pequeno porte.

Vale lembrar que, o uso da água no esgotamento sanitário, possibilita, com maior facilidade a contaminação de cursos d’água e lençóis freáticos, caso a destinação não seja correta, fato recorrente na maior parte do país e ate mesmo do mundo.

Um Sistema de Saneamento sem a utilização da água

Obviamente, temos opções de saneamento e esgotamento sanitário que utilizem água e sejam eficientes ambientalmente, tais como as conhecidas ETEs (estação de tratamento de Esgoto), fossas sépticas e sistemas variados de reciclagem e reaproveitamento das águas servidas, mas cabe aqui uma reflexão acerca de um sistema de saneamento que não utiliza a água no seu processo. Este sistema é conhecido como câmara de compostagem, ou simplesmente banheiro seco[i], caracterizando um processo natural de decomposição dos dejetos humanos que, após certo tempo, converte-se em composto orgânico que funciona como adubo para jardins ou pomares.

A câmara de compostagem/ banheiro seco substitui de maneira muito eficaz, e funcional, o tradicional sistema hidráulico de saneamento a qual estamos habituados. Para tal, além dos preconceitos implícitos à técnica (mau cheiro e eficiência), temos de nos desprender de certos hábitos comportamentais e promover uma mudança conceitual na destinação final dos nossos dejetos. O sanitário seco é constituído por uma câmara fechada, normalmente localizada abaixo do piso do banheiro, para onde são destinados os dejetos humanos, que podem ser misturados aos restos orgânicos da cozinha (restos de comida, casca de frutas e vegetais, etc) onde, naturalmente, ocorre a formação de uma colônia de bactérias que faz a digestão da matéria orgânica depositada ali.

Existem várias técnicas e opções para a construção da câmara de compostagem, esta vai depender do local e da mão de obra disponível. Existem opções pré-fabricadas em fibra de vidro, alternativas de moldar o mesmo in loco com concreto e tela de galinheiro e até mesmo com reaproveitamento de toneis metálicos ou plásticos.

Os sanitários secos exigem algumas características básicas que devem ser observadas no processo de construção e uso. O receptáculo de dejetos deve ser estanque, de modo a evitar a contaminação do solo e por conseqüência os lençóis freáticos. O mesmo deve possuir um tubo de ventilação, normalmente pintado de preto e na altura dos ventos, que faz a sucção do ar aquecido e por conseqüência a eliminação de qualquer mau cheiro. A cada utilização do sanitário seco, é importante recobrir os excrementos com folhas secas, ou serragem, ajudando na formação da massa a ser compostada, absorção dos líquidos, e que as tampas sejam sempre vedadas evitando a entrada de insetos. O processo de compostagem pode durar de 6 meses a 1 ano, quando enfim é retirado o adubo orgânico em forma de terra preta, que pode ser levado a um minhocário para transformação final e húmus, ou até mesmo ser lançado em pomares, jardins, etc.

O mais importante deste sistema, além de fechar um ciclo de consumo e destinação totalmente sustentável aos dejetos humanos, problema grave para nosso meio ambiente, a economia e o uso racional da água torna-se um diferencial considerável neste processo. Caso aquela família de quatro pessoas, citada inicialmente, adote um sistema de saneamento baseado na compostagem, haveria, pelo menos, a economia anual de 65.700 L de água tratada e potável que seriam perdidas esgoto abaixo. Isso sem contar que esta mesma família poderia fornecer uma quantidade de adubo considerável ao jardim da casa onde reside.

Abaixo seguem alguns links e bibliografia interessantes sobre sanitários secos:

http://www.setelombas.com.br/2006/04/20/sanitario-compostavel/

http://www.ecocentro.org/menu.do?acao=saneamentoSanitario

http://www.tibarose.com

http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI113493-15228,00.html

bibliografia:

Manual do Arquiteto Descalço. Johan Van Lengen


[i] O banheiro seco é uma prática do século XVIII, mas mesmo sendo tão antiga é uma das melhores soluções para minimizar o uso da água e seu tratamento, visto que ambos geram grande desperdício. Por ser um material rico em nutrientes as excretas são um recurso muito valioso que podem ser reincorporado no ciclo das plantas, onde estas se alimentam dos nutrientes do solo que foram disponibilizados pelos microorganismos. Após nos alimentarmos devolvemos este material para o solo e os microorganismos se alimentam da matéria orgânica, disponibilizando novamente alimento para as plantas criando um sistema dinâmico e sustentável.

4 pensamentos sobre “ALTERNATIVAS PARA SANEAMENTO COM ECONOMIA DE ÁGUA E MINIMIZAÇÃO DE IMPACTOS – Por Fred e Daniel

  1. Na minha chacara,já é possivel ter agua em abundancia,através do carneiro hidraulico,um projeto simples,de baixo custo,e resolve o problema de abastecimento dágua em minha chacara.Não gasta energia,facil locomoção da bomba, pesando em média 3Kg.Para isso basta voce ter em sua propiedade,uma mina d´gua,ou um pequeno açude.Visite no youtube esse meu projeto, ARIETE DO MIG e lá voce poderá observar a eficiencia desse projeto, se voce se interessar mande me e-mail ¨evergreenguara@bol.com.br,estarei disposto a te ajudar.

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